Prematuridade e Neotenia

 

 

 Tal como referido anteriormente, o Homem é um ser biologicamente inacabado. O seu organismo leva muito mais tempo a atingir o pleno desenvolvimento do que as outras espécies. O ser humano é um ser prematuro, já que, como as suas capacidades não se encontram desenvolvidas, nasce inacabado.
 
    Esta prematuridade explica por que razão a infância e adolescência humanas são tão longas: é o período de acabamento do processo de desenvolvimento que decorreu na vida intra-uterina. O prolongamento destes períodos biológicos – juvenilização – é uma condição essencial para a sobrevivência e adaptação da espécie.
    Um exemplo real que realça as vantagens do inacabamento biológico do ser humano é o facto do desenvolvimento do cérebro – cerebralização – se processar de uma forma lenta – lentificação, conferindo-lhe maior flexibilidade/plasticidade. Assim, este retardamento ontogénico é favorável à aptidão para aprender, ao desenvolvimento intelectual e cerebral, à impregnação e, portanto, à transmissão cultural.
    Assim surge o termo neotenia: é um atraso no desenvolvimento a nível físico, que faz com que o indivíduo se desenvolva mais devagar e esteja dependente de adultos para o orientar. Um reflexo da neotenia é o facto de o adulto possuir ainda traços característicos da infância e da adolescência.