Aprendizagem
Caracterização de aprendizagem:
Aprendizagem é uma modificação relativamente estável do comportamento ou do conhecimento, que resulta do exercício, experiência, treino ou estudo. É um processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais, se manifesta em comportamentos.
No entanto, é preciso notar que nem todas as mudanças de comportamento resultam da aprendizagem. Alguns comportamentos atualizam-se naturalmente sem necessidade de aprendizagem porque fazem parte da matriz genética. São eles, por exemplo: respirar ou digerir. Outras resultam de problemas físicos.
A aprendizagem é um processo cognitivo que nos humaniza, sendo essencial na adaptação ao meio.
Os diferentes tipos de aprendizagem: por habituação, associativa, por observação e imitação e aprendizagem com recurso a símbolos e representações:
Há dois processos principais de aprendizagens: simbólicas e não simbólicas.
Dentro das aprendizagens não simbólicas, podemos distinguir a aprendizagem não associativa e a aprendizagem associativa.
A aprendizagem não associativa é-o porque o indivíduo aprende as características de um só estímulo. Tem dois conceitos chave: a habituação e a sensitização.
A habituação é o fenómeno que nos permite aprender a não reagir a estímulos específicos. Ou seja, seleccionamos do meio ambiente apenas o que nos interessa e ignoramos os restantes acontecimentos. Quando, pela primeira vez, tentamos mergulhar de uma prancha alta, podemos sentir receio, vertigens, insegurança. Mas, à medida que vamos repetindo o acto e que ele se vai tornando familiar, as reacções vão sendo cada vez menores até se tornarem inexistentes e o acto de mergulhar se converter em algo completamente normal.
A sensitização é uma forma de aprendizagem através da qual percebemos as propriedades de um estímulo negativo, prejudicial. É uma forma de apurar reflexos para sobreviver. Uma cria, desde que o predador a tenta atacar a primeira vez, irá aprender que essa situação é de evitar e que deve fugir.
Enquanto a habituação se refere às características de um estímulo positiivo, a sensitização refere-se a um estímulo ameaçador.
A aprendizagem associativa exige a associação de estímulos e respostas. Divide-se em condicionamento operante e clássico.
O condicionamento clássico refere-se a uma forma de aprendizagem chamada reflexo condicionado. Um estímulo que não provoque qualquer reacção, depois de associado a outro estímulo que provoque resposta, passa, por si só, a provocar a resposta do segundo. Ou seja, uma campainha não provoca qualquer reacção num homem. Mas se a campainha for associada à passagem do comboio numa linha férrea, a pessoa só com o sinal da campainha passará a parar e a esperar pelo comboio.
Estímulo neutro: estímulo que antes do condicionamento (associação) não produz qualquer resposta.
Estímulo não condicionado: estímulo que desencadeia uma resposta apreendida.
Resposta incondicionada: resposta ao estímulo incondicionado.
Estímulo condicionado: estímulo neutro associado ao estímulo incondicionado.
Resposta condicionada: resposta incondicionada que depois do condicionamento passa a seguir-se ao estímulo neutro.
No condicionamento clássico, o sujeito é passivo porque não depende da vontade dele.
O condicionamento operante envolve uma consequência positiva – reforço – que impulsiona a aprendizagem de um determinado elemento. Ou seja, o reforço é o estímulo que, por trazer consequências positivas, aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer. Se for positivo, é um estímulo que se segue a um determinado comportamento e que tem consequências positivas. Se for negativo, a resposta evita um determinado acontecimento negativo, doloroso. Se se responder ao estímulo, não acontece uma determinada situação negativa.
Quer o esforço positivo como o negativo permitem aumentar a ocorrência de um acontecimento, de uma resposta. É importante notar que esforço negativo não é castigo. Castigo é um procedimento que diminui a ocorrência de uma resposta porque o estímulo é impeditivo. O castigo aparece quando a resposta não é dada ou é mal dada, assim, evita-se que esse comportamento seja repetido.
Dentro das aprendizagens simbólicas, podemos distinguir a aprendizagem por observação e imitação e a aprendizagem com recurso a símbolos e representações.
A aprendizagem por observação e imitação, também chamada por modelação, acontece ao longo do processo de socialização. Apreendemos determinados conhecimentos observando e imitando os outros. No entanto, nem tudo o que vemos imitamos. A reprodução dos actos implica factores internos do próprio sujeito. A teoria cognitiva e social defende que cada indivíduo possui um conjunto de competências que permitem a aprendizagem e o desenvolvimento: capacidade de avaliar o ambiente e de se avaliar a si próprio. O reforço vicariante acontece quando o indivíduo, ao observar o modelo a efectuar uma acção que lhe traz repreensões, a evita, ou o contrário.
A aprendizagem com recurso a símbolos e representações permite adquirir conhecimentos ou adquirir procedimentos e competências.
Para a aquisição de conhecimentos, são necessários esquemas cognitivos prévios que nos permitam integrar nova informação. Estes são estruturas dinâmicas que proporcionam os conhecimentos que já possuímos e integram os conhecimentos novos. Só há aprendizagem se se conseguir integrar o conhecimento novo nos padrões anteriores.
Para a aquisição de procedimentos e competências é necessário aplicar os esquemas gerais da competência à nova tarefa, com as devidas adaptações e integrações que alcancem a eficácia. Com a repetição, interiorizamos o processo, corrigimos as acções inadequadas e acabamos por tornar o processo automático. Os procedimentos e as competências adquiridas deste modo (escrever, andar de bicicleta, conduzir) passarão para a memória a longo prazo e, mesmo que inactivos durante muito tempo, são possíveis de recuperar.